Praia dos Arrifes (Albufeira)

Apresenta diversos habitats invulgares característicos da costa Algarvia, incluindo uma pradaria de ervas marinhas (Cymodocea nodosa), protegida pela Diretiva Habitats como sítio de especial interesse conservacionista.

O percurso deve iniciar-se em frente ao final do bar de apoio, no enfiamento do centro dos dois afloramentos rochosos que se visualizam na zona Leste da praia (profundidade média 1-2m). A paisagem da primeira parte do percurso (zona A.I) é maioritariamente constituída por areia e calhau rolado com elevada cobertura algal (ex. Halopteris spp., Codium spp., Plocamium cartilagineum, Jania spp., Ellisolandia elongata). Sobre esta cobertura de algas, predominam diversas espécies macrobentónicas, tais como os gastrópodes (Gibbula cineraria e Gibbula pennanti), a anémona-verde (Anemonia viridis), o ouriço-do-mar-comum (Paracentrotus lividus), a estrela-do-mar (Marthasterias glacialis), o ofiúro-comum (Ophiothrix fragilis), e vários peixes crípticos como os cabozes (Gobius bucchichi, Pomatoschistus spp. e Parablennius pilicornis). Saliente-se a presença da estrela-pentagonal (Asterina gibbosa) que apresenta estatuto de proteção na região do Mediterrâneo pela Convenção de Berna.

Justifica-se uma observação mais atenta à baía delimitada pela areia da praia e pelos três afloramentos rochosos bem visíveis à superfície (zona A.II), onde o conjunto formado pela areia e os calhaus rolados, bem protegidos pelas rochas envolventes, formam habitats únicos, como os observáveis em enclaves rochosos. Em ambas as zonas abundam salemas (Sarpa salpa), sargos (ex. Diplodus sargus), safias (Diplodus vulgaris), cardumes de peixe-rei (Atherina presbyter) e diversas espécies de bodiões (como Symphodus bailloni ou Symphodus melops).

Em seguida, deve apontar-se rumo para o meio dos dois afloramentos rochosos observáveis do areal (zona A.III), que se localizam na zona Leste da praia (profundidade média 3-4m). Nesta área intensificam-se os enclaves rochosos, muito colonizados por algas, semelhantes às encontradas na primeira fase do percurso. Entre as fendas rochosas podem observar-se diversos animais como: cabozes, santolas (Maja brachydactyla), polvos-comuns (Octopus vulgaris), ou navalheiras (Necora puber), que selecionam estas zonas para refúgio e alimentação. Os macroinvertebrados bentónicos são extremamente comuns nestes ecossistemas, destacando-se os nudibrânquios (ex. Felimare tricolor), os ouriços-do-mar e as anémonas. Sargos, peixes-rei, salemas e bodiões são também facilmente observáveis nesta fase do percurso. De salientar a presença do caboz de Marrocos (Parablennius parvicornis), ainda não registado para a costa portuguesa.

No leixão localizado à esquerda do mergulhador, podem observar-se duas cavidades que atravessam o afloramento (zona A.IV). Para além da beleza paisagística das grutas subaquáticas, nesta zona pode observar-se com frequência o polvo-comum (O. vulgaris). Uma característica dos polvos é a capacidade de se “camuflarem” (mimetismo – capacidade de imitarem o ambiente através de transformação da coloração e/ou textura corporal), quando sentem que se encontram em perigo. Na coluna de água pode ainda observar-se ocasionalmente a presença de alforrecas (Rhizostoma pulmo). Sempre que tal ocorra sugere-se que o mergulhador abandone o local, ou caso permaneça, tenha especial atenção, uma vez que estes organismos possuem células urticantes nos seus tentáculos.

Quando se atinge o alinhamento com o início do pontão de entrada da marina de Albufeira, deve iniciar-se novo rumo em direção à costa, podendo então avistar-se uma das pradarias de ervas marinhas da espécie C. nodosa mais bem conservadas da costa Sul de Portugal (zona A.V). Após percorrer a pradaria, deve inverter-se o movimento, iniciando-se o retorno à praia e passando-se, novamente, pelo meio dos dois leixões localizados na zona leste da praia.

Conservação

Este habitat requer medidas apropriadas de proteção pela ocorrência de pradarias de ervas marinhas (UE_Diretiva Habitats).

Fotos das espécies