Ponta dos Caminhos (Sagres)
Também denominado “O Santuário”, a “Ponta dos caminhos” localiza-se no extremo da falésia que rodeia a Baía do Martinhal. Este ponto de mergulho é atravessado por dois túneis naturais, enormes e paralelos, unidos à superfície.
Este roteiro inicia-se a aproximadamente 10m de um ilhote subaquático (profundidade média 15m) que deve apresentar-se a bombordo. Após contornar a formação rochosa, o mergulhador aproxima-se da entrada do primeiro túnel, localizada à sua direita (profundidade média 16m). Até atingir o primeiro túnel, o percurso caracteriza-se pela presença de afloramentos rochosos que cobrem quase a totalidade do fundo arenoso. As pedras apresentam uma densa cobertura algal.
Os túneis, moderadamente iluminados e expostos ao hidrodinamismo local, podem ser divididos em três zonas que correspondem a povoamentos biológicos diferenciados: zona próxima da abertura (C.I), zona semi-obscura (C.II) e zona de penumbra (C.III).
O primeiro túnel é amplo e possui uma profundidade média de 18m, chamando-se a atenção para a variedade faunística bentónica que povoa as paredes e o substrato (ex. esponjas e estrelas-do-mar). Neste túnel podem-se identificar exemplares de esponja-de-cabedal (Clathrina coriacea), anémona-joia (Corynactis viridis), esponja-vermelha (Hemimycale columella) ou esponja-branca (Guancha lacunosa). A secção final do túnel possui calhaus rolados de grandes dimensões, com elevada cobertura algal, colonizados por esponjas calcárias (Leucosolenia complicata e G. lacunosa). Em frente à saída do primeiro túnel salienta-se a presença de destroços do cargueiro Dinamarquês Nordsoen afundado durante a 1ª guerra mundial.
Para entrar na segunda formação o mergulhador deve contornar a saída do primeiro túnel pela esquerda. Esta secção, sujeita a maior hidrodinamismo e exposição às correntes e ondas, possui fauna semelhante à primeira mas com densidades notoriamente inferiores. O substrato encontra-se genericamente desprovido de vida e é constituído maioritariamente por pequenas pedras roladas, formando uma espécie de cascalho.
As diferenças faunísticas características das zonas de entrada e saída dos túneis (iluminadas) e das zonas mais escuras da área mediana dos túneis (semi-obscura e de penumbra) são de salientar. Nas zonas mais escuras são frequentes as espécies: esponja-rim (Chondrosia reniformis), esponja-azul (Hymedesmia versicolor), anémona-joia (C. viridis), ascídia (Clavelina nana). Nas zonas mais luminosas pode salientar-se a presença de: esponja-de-cabedal (C. coriacea), anémona-joia (C. viridis), esponja-cratera (H. columella), esponja-lacunosa (G. lacunosa), estrela-do-mar (Marthasterias glacialis), serpula (Serpula vermicularis) e esponja-rim (C. reniformis).
Para regressar à embarcação de apoio, o mergulhador deve inverter a direção à saída do segundo túnel e rumar SO. Este percurso caracteriza-se pela presença de calhaus rolados e afloramentos rochosos com cobertura faunística e florística elevada.
ACESSOEmbarcação |
DISTÂNCIA DO PORTO1,3 milhas náuticas /10 min. |
DIFICULDADEBaixa |
DURAÇÃO MÉDIA45/50 min. |
PROF. MÁX.18m |
HABITATAfloramentos rochosos, Túneis, |
INTERESSE PAISAGÍSTICOElevado |
INTERESSE BIOLÓGICOElevado |
ESTATUTO DE
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ESCAFANDRO AUTÓNOMO |
REQUISITOSMergulhador Nível 2 – Mergulhador autónomo |
Conservação
A zona de mergulho integra-se no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PMSACV) e é considerado um Sítio de Interesse Comunitário (SIC). Devem considerar-se medidas apropriadas de proteção uma vez que se trata de um habitat fragmentado e isolado, com ocorrência de espécies de profundidade raras na zona costeira, e por isso vulneráveis (UE_Diretiva Habitat).
ATENÇÃO: Devido à natureza desta área é necessário um cuidado adicional no controlo da flutuabilidade para garantir uma boa visibilidade e não perturbar os organismos.