Onde a terra acaba e o mar começa

Era na antiguidade conhecida como Promontorium Sacrum, local mítico, onde o mundo conhecido terminava e onde desde sempre a espiritualidade sobressaiu, albergando a realização de diversos rituais, que nos tempos mais recuados seriam em dedicação a Saturno, Herácles e a Cronos e mais tarde em invocação a um mártir cristão, São Vicente.

Sagres, vila portuguesa no concelho de Vila do Bispo, que afirma simbolicamente Portugal no mundo, pelo seu papel de guarda avançada e inspiradora do infante D. Henrique, no século XV, para a epopeia marítima dos descobrimentos lusitanos.

A tradição pesqueira é igualmente antiga e, em linha com o Barlavento, aqui chegaram a existir várias armações de atum, que as fortalezas da Baleeira e Beliche ajudavam a defender contra os piratas mouriscos. A arte de arpoar e capturar baleias, foi outra das pescarias importantes nestas paragens. Integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, desde a década de oitenta do século passado, Sagres tem valores naturais singulares, que no mar lhe deram direito à única Área Marinha Protegida na costa sul do Algarve e que engloba os ilhotes do Martinhal e as grandes Pedras do Gigante e da Gaivota.

Nos dias de hoje, no porto da Baleeira em Sagres operam 65 embarcações a que correspondem 104 pescadores. A lota da Docapesca é uma das mais procuradas pela fama de alta qualidade do pescado ai vendido.

Para espécies especiais, artes específicas e para o tamboril, utilizam-se as redes de emalhar de 1pano com malhas maiores que 100mm, operando entre os 100 e os 240m de profundidade. Para a lagosta utilizam-se covos e redes e quando são capturadas são conservadas vivas em água corrente até serem vendidas em Lota. A lota de Sagres é das que regista maiores vendas de lagosta, fazendo os pescadores de Sagres um defeso voluntário durante os meses de Outubro a Dezembro. Os grandes pargos desembarcados são capturados com anzóis iscados com caranguejos vivos, o pilado, ou na falta deste, com sardinha.

A comunidade de pescadores de Sagres é unida e representada pela sua associação, que leva a cabo projetos inovadores no processamento do pescado, por forma a valoriza-lo, como o acondicionamento das sardinhas à saída das embarcações em caixas pequenas de esferovite refrigeradas e prontas a serem vendidas. Para futuro pretende-se que a logística das operações no porto de pesca sejam facilitadas e que o pescado de Sagres seja certificado. Não será por acaso que alguns chefes de cozinha dizem que o peixe de Sagres é o melhor peixe do mundo.

Gastronomia

Os pratos típicos de Sagres, no que diz respeito à comunidade de pescadores, são as lulas cheias que usam até no Natal, o pargo na brasa, a caldeirada de peixe (safio, pargo, raia, tremelgas, pata-roxa, sardinha), a caldeirada de lapas e o arroz de lagosta. À hora dos petiscos não faltam a moreia frita, a salada de búzios e, claro, os famosos percebes vicentinos, que aqui se comem quentes.

Festividades

Os pescadores são conhecidos por homens de fé. As procissões começam em terra, mas prolongam-se no mar, voltando as embarcações benzidas ao porto de abrigo em honra de Nossa Senhora da Graça, aos 15 dias do mês de agosto. As festas também fazem parte dos costumes e todos os últimos domingos de maio se comemora o dia do Pescador.

Interesses

Fortaleza de Sagres, Fortaleza do Beliche, Fortaleza da Baleeira, Cabo de São Vicente, Farol do Cabo de São Vicente, Porto da Baleeira, Praia da Mareta, Praia do Martinhal, Praia do Castelejo, Praia do Telheiro, Torre D’Aspa, Praia da Murração, Ponta Ruiva, mergulho nas grutas ou nos Ilhotes do Martinhal, Conjunto Megalítico do Monte dos Amantes, surf, observação da natureza – aves e mamíferos marinhos, pesca recreativa.

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