Peixe com fartura

Povoação de origem piscatória deve o seu nome à fartura de peixe nas suas costas, o que motivou o estabelecimento de uma armação de atum na Baía de Pera, há mais de 400 anos.

As armações, montadas na época da passagem dos atuns, de abril a agosto, foram atraindo pescadores e também piratas magrebinos, razão pela qual foi construída a fortaleza de Santo António, edifício que ainda hoje marca a paisagem urbana da vila. Contam os historiadores que não só de atum viviam as comunidades, chegando a sardinha a ser o principal valor económico de Armação de Pera, já no século XIX e por via das artes de xávega. A meio do século passado com a mudança nas rotas de migração do atum, as armações apanhavam sobretudo sardinhas e cavalas, acabando por desaparecer, sendo hoje poucos os que em Armação chegaram a trabalhar nelas. As rotas do atum foram substituídas por outras e hoje Armação de Pera é um grande centro turístico do concelho de Silves, em que a pesca, o mar e o peixe fresco fazem parte da sua imagem de marca.

A pesca desenvolve-se a partir da praia, e desde que há memória as embarcações eram levadas para o mar e trazidas para o areal “a braços”. Com o decorrer dos tempos foram colocadas traves de madeira, os “parais”, que eram colocados em direção ao mar e ensebados regularmente para facilitar o deslizamento das embarcações. Nos tempos mais modernos o trator veio substituir a força humana, primeiro privado e agora da associação de pescadores, auxilia na árdua tarefa de varar os barcos de pesca.

Aqui as mulheres sempre tiveram um papel essencial na atividade da pesca, desde o auxílio na varação das embarcações, ao desembaraço das artes e na secagem do peixe.

Em 2000, a localidade contava com 54 embarcações registadas e 73 marítimos inscritos como pescadores, bastante mais do que as 15 embarcações e cerca de 30 pescadores ativos que operam atualmente. É o único porto pesqueiro do concelho de Silves. Existe uma lota da Docapesca, mas apenas funciona para armazenamento no frio, e fornecimento de gelo e para um primeiro registo e pesagem, sendo gerida em parceria com a associação de pescadores. O pescado é depois transportado numa carrinha da associação de pescadores, para a lota de Portimão, ou de Quarteira, onde é vendido.

Como em grande parte dos portos algarvios, os covos para o polvo são a arte de pesca emergente, se bem que as redes de tresmalho e emalhar, nomeadamente a rede do salmonete, continuem a ter um papel importante. As espécies mais capturadas, para além do polvo, são os linguados, azevias, salmonetes, chocos, robalos e douradas. Embora de pequena monta, desenvolve-se na baía desta vila piscatória, uma pesca dedicada ao marisco, mais propriamente à navalheira, que se faz com covos específicos, desde abril até dezembro. As artes de xávega e de secada foram artes que caíram em desuso. Os mais antigos reafirmam o que se ouve em toda a parte: “havia mais peixe do que há agora”.

A associação de pescadores é muito ativa e realça as conquistas do setor na melhoria da Praia dos Pescadores como sejam os apoios de pesca, o telheiro para abrigo de artes de pesca, o trator para as manobras de varação e claro a cogestão da lota e a carrinha de transporte de pescado. A venda direta ao consumidor e o cabaz do peixe são caminhos que gostariam de trilhar.

Gastronomia

Os pratos típicos de Armação são ricos e variados, sendo o principal a caldeirada de peixe (xarrocos, tremelgas, raias, safios e peixes de escama). Diz a tradição, que o melhor da caldeirada, são as papas ou a massinha do caldo que se fazem a seguir, utilizando precisamente o caldo da caldeirada. Ensopado de chocos ou de lulas ou peixe grelhado sempre fizeram parte da ementa da comunidade da pesca, mas o polvo, e principalmente a moreia frita com azeite e alho, são os petiscos de eleição das gentes do mar de Armação de Pera.

Festividades

As festas religiosas associadas à faina surgem nesta vila no segundo domingo de agosto, com a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, e no terceiro domingo de setembro, com a festa da Nossa Senhora dos Aflitos.

Interesses

Fortaleza e Capela de Santo António, Palácio dos Caldas e Vasconcelos, edifício do antigo casino, Rua dos Abraços na parte velha da vila, mais conhecida por “aldeia”, embarcações tradicionais, Praia dos Pescadores, dunas, falésias calcárias, grutas e leixões, lagoa dos Salgados, Percurso de Interpretação da Praia Grande (TA), mergulho no maior e mais rico recife costeiro do Algarve, mergulho com escafândro autónomo “Poço”

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